Lição 7 – Determinando a máxima frequência utilizável

Na aula anterior, foi vista uma versão simplificada de uma carta de isocurvas do mundo, que fornece informações sobre as condições ionosféricas num determinado momento. Para outras horas, se dispõe de outras cartas, que cobrem o período de 24 horas. Assim, no estabelecimento de uma comunicação em ondas curtas em outro horário deve-se verificar outra carta e se a emissão durar várias horas, deve-se comparar mais de uma carta.

Vendo a carta para as 12 horas UTC, destacam-se linhas grossas traçadas entre a Europa e a Austrália, África, América do sul e do Norte. As linhas são curvas porém seguem a trajetória chamada de círculo máximo (a linha de união mais curta possível) sobre o mundo. A curvatura se deve ao método de projeção escolhido para o mapa-múndi.

Nestas linhas, marcam-se os pontos de controle (indicados pela letra C), situadas a 2000 km do transmissor e a 2000 km do receptor. As condições ionosféricas nestes pontos determinam a frequência mais alta que se pode utilizar na transmissão.

Pode-se agora, analisar vários pontos. Primeiro, um circuito simples, da Europa para a África, Como se vê, no ponto de controle meridional pode-se refletir frequências de até 30 MHz e no ponto de controle setentrional até 34 MHz aproximadamente. Não há inclinações importantes na FMU, assim, pode-se dizer que para este circuito, pode-se usar a faixa de frequências de ondas curtas mais altas: 25 MHz. Entretanto, se fosse utilizada a esta hora do dia (meio dia), haveria uma melhor probabilidade de sintonizar a frequência de 21 MHz, porque o número de aparelhos receptores equipados com a banda de 25 MHz (11 metros) não é muito grande. O enlace da Europa e América do Norte, ou vice-versa, é mais complicado. O ponto de controle europeu pode refletir 15 MHz e o americano, só 15 MHz. Portanto, deve-se escolher a frequência de trabalho abaixo de 15 MHz, o valor de 12 MHz seria conveniente.

Para a América do Sul, as condições são muito melhores, graças a maior duração do dia nesta região. Como se vê, o circuito inteiro encontra-se no hemisfério diurno e pode-se usar a frequência de 15 MHz.

Determinando a máxima frequência utilizável

Frequência máxima utilizável nos circuitos: T = Amsterdã e R = Sydney/Buenos Aires/Nova York; em janeiro/1967; conforme a hora UTC

O enlace Europa-Austrália ou Austrália-Europa é o mais longo da série. Verificando-se os pontos de controle, vê-se que ambos podem refletir convenientemente os 21 MHz (13 metros), porém numa observação mais atenta deste ponto no circuito nos permite que o mesmo abrange, em alguma parte, sobre a Ásia, na isocurva de 20 MHz.

Aqui temos um exemplo onde as condições nos pontos terminais não são suficientes para determinar a frequência de trabalho. Há que se considerar outros pontos de reflexão do circuito e levar em conta que as propriedades refletoras do ponto com a FMU mais baixa determinam a frequência que se pode utilizar no circuito.

A figura ao lado mostra as propriedades para os três circuitos tratados até agora. A frequência aparece indicada no eixo vertical e o tempo na horizontal. Ainda que os resultados publicados aqui sejam deduzidos de previsões diárias, a diferença com a carta simplificada de isocurvas utilizada é pequena. Verificando a intersecção do gráfico da Austrália com a linha para 12:00 UTC e encontrará a frequência de 22 MHz como a mais alta a ser utilizada, porém com 1 hora mais tarde (13:00 UTC), a frequência máxima utilizável já será decaída para 18 MHz em razão das mudanças nas condições sobre a Ásia.

Para Nova York (Costa Leste da América do Norte) observa-se um aumento brusco na FMU, por exemplo, entre 10:00 e 12:00 UTC devido ao período de luz diurna mais curto.

Estes gráficos podem ser confeccionados utilizando as cartas de isocurvas para diferentes horas que nos darão as frequências máximas utilizáveis. Até aqui não foram definidas as frequências máximas utilizáveis, porém é necessário faze-lo porque é a frequência que proporciona comunicação satisfatória durante e somente 50% do tempo. Normalmente as emissoras de ondas curtas querem incorporar um fator maior de segurança para a recepção e selecionam uma frequência de trabalho claramente abaixo da FMU (por volta de 85% da FMU, denominada frequência ótima de trabalho, FOT). Assim, se a FMU é de 22 MHz, a primeira faixa ‘segura’ para a radiodifusão de ondas curtas é a primeira abaixo de (85/100) * 22 = 17 MHz.

E partimos para a próxima lição!

DXCB

4 comentários em “Lição 7 – Determinando a máxima frequência utilizável”

  1. ROGÉRIO CORRÊA PIMENTEL disse:

    Material muito bom mesmo. Excelente amigo. Muito grato e esperando ansioso as demais aulas. Forte 73, PY2PIM

  2. Eduardo Freitas disse:

    Sei que há uma forma de se calcular a FOT a partir das coordenadas Geográficas de um Ponto A e de um Ponto B tendo como variáveis também o número de manchas solares, tudo mediante uso de Fórmulas (não me lembro mais).Sei que mais tarde (década de 90) apareceu um Software que fazia esse serviço. Poderiam comentar algo mais a respeito…

  3. Oi, Ricardo! Não terminou ainda não. Temos até a perte 13. Fique ligado que já já tem uma lição nova 🙂

  4. Ricardo Lourenço disse:

    O curso acaba aqui? Estou gostando, pois recordar é viver, bem que poderiam continuar o curso…

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