Lição 11 – As erupções solares e a propagação de ondas curtas

Alguns fenômenos associados às manchas solares têm influência sobre a propagação de radiofrequência. O mais importante é a erupção solar, observada nas proximidades de uma mancha solar.

As erupções solares ocorrem devido a alterações no campo magnético solar causadas pelas manchas. A energia liberada desprende energia e matéria, podendo inclusive ser vista através de satélites ou telescópios. As erupções solares estão associadas com as radio-emissões de ruído nas frequências abaixo de 300 MHz e também, pelas emissões de ultravioleta, micro-ondas, raios-X e de matéria, elétrons e prótons, também denominada de ejeção de massa coronal.

Como efeitos destas erupções, observa-se na Terra até mesmo a interrupção da recepção de ondas curtas. A radiação ultravioleta, os raios-X e as ondas de rádio emitidas aumentam a ionização das camadas D e E, causando uma considerável absorção dos sinais de radiofrequência passantes e um aumento ocasional da camada F. As partículas são retardadas e passam a seguir as linhas do campo magnético terrestre, causando graves perturbações ionosféricas nas regiões polares. As partículas mais lentas, principalmente prótons, chegam à Terra depois de 20 a 35 horas após a erupção solar. Estas partículas causam tempestades magnéticas na ionosfera e seus efeitos são sentidos na propagação de radiofrequência.

Resumindo, as consequências principais de uma erupção solar para a propagação de ondas curtas fora das regiões polares são:
– perturbações ionosféricas súbitas (efeito direto)
– tempestade ionosféricas (efeito retardado)

Perturbações ionosféricas súbitas: às vezes os sinais de ondas curtas que passam pela luz diurna são bloqueados bruscamente por uma absorção anormalmente elevada da camada D. Esta situação pode durar de minutos a várias horas. O início desta súbita perturbação ionosférica (SPI) é, frequentemente, muito repentina e desaparece gradualmente a medida que a situação ionosférica normal recobra sua influência. O grau anormalmente elevado de ionização da camada D se deve principalmente aos raios-X. Quando a SPI está associada a atividade solar, é evidente que a probabilidade que isto ocorra é maior ao aumentar a atividade das manchas solares.

A tempestade ionosférica, que tem um grave efeito de bloquear as comunicações de ondas curtas, pode durar de várias horas a vários dias. Está relacionada estreitamente com a tempestade magnética, que são perturbações do campo magnético da Terra e podem ser detectadas pela variação de seus componentes sobre limites muito mais amplos que de costume. As tempestades magnéticas violentas vão acompanhadas de um ou vários fenômenos atmosféricos, tais como uma diminuição das propriedades refletoras da camada F2, absorção incrementada da região D e, ocasionalmente, manifestação da camada E esporádica. O desvanecimento da FMU causado por uma redução das propriedades refletoras da camada F2 é responsável por uma perda de sinal e assim também é aumentada a absorção da região D. Tanto a tempestade ionosférica como as tempestades magnéticas (e auroras boreais) são resultado do fluxo de partículas que chega entre 20 a 35 horas depois da erupção solar.

Para concluir algo acerca do efeito da radiação cósmica emitida pela erupção solar: atraídas pelo campo magnético da Terra, estas partículas se movem seguindo as linhas do campo e assim tem seu maior impacto sobre as regiões polares. Os sinais que viajam através destas zonas que estão aproximadamente centradas sobre os polos magnéticos e podem estender-se até aproximadamente 60° norte ou sul, são muito debilitadas ou absorvidas inteiramente. Isto recebe o nome de Absorção de Calota Polar (ACP). Como a propagação nas regiões polares está sujeita a muitas complicações, as emissoras de ondas curtas a evitam sempre que seja possível, portanto é desnecessário trata-las exaustivamente. No entanto, as ACP são significativas para os ouvintes da região norte do continente americano (verifique alguns circuitos com o auxílio do globo terrestre).

Saiba quais são as condições que favorecem a propagação acima de 30 MHz.

DXCB

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